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 Marcelo Auler

Nesta segunda-feira os cariocas podem compartilhar do lançamento de dois bons livros, ainda que totalmente diferentes. Em um deles, viaja-se pela literatura luso-africana, através do texto de Maria Helena Malta, uma colega com muito tempo de estrada e que com Uma sentença de vida ou de morte (Vieira & Lent) chega ao seu quinto livro. Ela estará autografando nesta noite (30/11) na Argumento da Rua Dias Ferreira, no Leblon, a partir de 19H00.

No mesmo horário, e não tão distante que impeça o leitor de estar presente nos dois lançamento, o tarimbado jornalista Chico Otávio e Aloy Jupiara estarão assinando na Travessa, da Rua Voluntários da Pátria (Botafogo), o livro Os Porõs da Contravenção, que mergulha no submundo dos bicheiros cariocas e no envolvimento deles com a repressão militar da ditadura.

"Uma sentença de vida ou de morte ". de Maria Helena Malta, lançamento nesta segunda-feira (30/11), às 19Hs

“Uma sentença de vida ou de morte “. de Maria Helena Malta, lançamento nesta segunda-feira (30/11), às 19Hs

“Uma sentença de vida ou de morte”  (Vieira & Lent), quinto livro da jornalista Maria Helena Malta, leva o leitor a passear pela surpreendente literatura contemporânea luso-africana. A obra é o resultado de leitura atenta pela autora da surpreendente literatura contemporânea luso-africana, direta ou indiretamente ligada às guerras pela independência de Angola, A obra se baseia em parte, na tese de Mestrado em Letras/Literatura, Cultura e Contemporaneidade (PUC-Rio), defendida pela autora em 2014.

No livro, António Lobo Antunes, José Eduardo Agualusa, Dulce Maria Cardoso, Ruy Duarte de Carvalho e Valter Hugo Mãe viajam errantes e, ainda que mordazes, irônicos e às vezes trágicos, contam sempre uma boa história, com início, meio e fim. Em nome da pluralidade, segundo a autora, “parecem espreitar realidades e poderes, acabando por resgatar fragmentos da utopia de outrora, com um claro desejo de transformação”.

Como se não bastasse, essas obras parecem tecidas, aqui e ali, com o mesmo fio das chamadas “literaturas menores”, de Deleuze e Guattari, isto é, aquelas que pertencem não a uma língua menor, “mas antes à língua que uma minoria constrói dentro de uma língua maior”, como fizeram Joyce e Kafka.

Na nova língua tecida, subvertida e bem temperada com especiarias locais, inclusive as sociais e políticas, há sempre uma outra história embutida, frequentemente mais importante e reveladora. O próprio Kafka já havia comentado: “Aquilo que no seio das grandes literaturas atua em baixo e constitui uma cave não indispensável do edifício, passa-se aqui à luz do dia; o que ali provoca uma confusão passageira, aqui leva simplesmente a uma sentença de vida ou de morte.”

Lançamento – Nesta segunda-feira, dia 30/11, às 19H00, Livraria Argumento, Rua Dias Ferreira – Leblon.

"Os Porões da Contravenção", de Aloy Jupiara e Chico Otávio será lançado nesta segunda-feira (30;/11), às 19H00 na Travessa da Rua Voluntários da Pátria, Botafogo.

“Os Porões da Contravenção”, de Aloy Jupiara e Chico Otávio será lançado nesta segunda-feira (30;/11), às 19H00 na Travessa da Rua Voluntários da Pátria, Botafogo.

Os Porões da Contravenção” (Record) – é um mergulho da dulpa de autores no mundo da contravenção que durante déccadas se mistura com a sociedade, a política, as forças de segurança e o Judiciário fluminense.

Sobre o livro, compartilho aqui o artigo que Luis Nassif  escreveu no seu Jornal GGN falando da importância do trabalho dos jornalistas como Chico Otávio, a quem admiro e respeito profissionalmente.

Os Porões da Contravenção: um livro essencial

“A história do Brasil é feita de episódios oficiais e de uma infinidade de eventos subterrâneos que raramente são acessados por repórteres investigativos.

São esses repórteres que levantaram os problemas das privatizações, as aventuras do esquema José Serra e de seu parente Preciado – que acaba de aparecer também na Lava Jato – e outros episódios que, sendo do reino da contravenção, impactam a política formal dos salões.

O livro “Os Porões da Contravenção”, de Aloy Jupiara e Chico Otávio, é um desses livros fundamentais.

Chico Otávio é jornalista respeitado. Participou de uma brilhante geração de repórteres de O Globo, nos tempos em que a reportagem de fôlego ainda não tinha sido abolida das páginas dos jornais.

Coube a ele coordenar a série de reportagens no caso HSBC, depois que o jornalista Fernando Rodrigues amarelou.

Assim como muitos de seus colegas, Chico Otávio migrou suas grandes reportagens para o livro e, junto com Aloy, montou um vasto perfil da contravenção do jogo de bicho, a partir das ligações do crime com a linha torturadora da repressão.

Mostra o relacionamento íntimo do SNI (Serviço Nacional de Investigações) e dos militares que comandaram os atentados do Riocentro com o bicho.

Esse período termina com a sentença história da juíza Denise Frossard, mandando prender os chefões, graças a um trabalho do Ministério Público. Pena que não sejam mencionados os procuradores que participaram dessa operação histórica*, para que possam ser colhidos seus depoimentos.

Depois disso, o jogo se espraiou por inúmeras atividades, entrou em outras áreas da corrupção pública, mas encerrou o ciclo da grande organização criminosa que juntava todos os mafiosos em torno de um cappo e mandava liquidar os adversários.

O livro termina com um final digno de filme de suspense: informa que o celebérrimo Capitão Guimarães é um dos correntistas do HSBC.

Fica aí a dica para uma continuação: a nova forma de atuar do jogo, agora no formato eletrônico em parceria com máfias italiana, espanhola e de Las Vegas. Foi essa abertura que permitiu o empreendedorismo de Carlinhos Cachoeira, aliando-se à revista Veja para tentar expandir seus domínios para além de Goiás.

Essa segunda fase do jogo é responsável pelas maiores crises políticas contemporâneas.

É importante que o Ministro Aloizio Mercadante tenha isso em mente, antes de se propor a patrocinar qualquer forma de legalização do jogo”.

* A própósito do comentário de Nassif a respeito da falta de citação dos promotores envolvidos na operração que desbaratou a fortaleza de Castor de Andrade, recorro aqui à biografia de Antônio Carlos Biscaia – “Biscaia ” (Editora Barbara Cassará – 2012), que tive o prazer e satisfação de escrever, para relacionar os membros do Ministério Público Estadual que lideraram a operação. Sob o comando do próprio Biscaia, então procurador-geral de Justiça, atuaram no caso os então promotores: Antônio José Campos Moreira, Marcos Ramayana Brum de Moraes, Maurício Assayag, Mendelssohn Erwin Kieling Cardona Pereira e José Muiños Piñeiro Filho.

Lançamento – Nesta segunda-feira, dia 30/11, às 19H00, Livraria Travessa, Rua Voluntários da Pátria – Botafogo.

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